Acusações de abuso infantil contra igreja nos EUA chocam cristãos: o caso Harvest, Greg Laurie e orfanatos na Romênia
![]() |
An exterior of Harvest Christian Fellowship church is seen on April, 5, 2020, in Riverside, Calif. (Cindy Yamanaka/The Orange County Register via AP) |
Uma série de processos movidos por ex-moradores romenos de abrigos na Romênia trouxe à tona acusações graves contra Paul Havsgaard, ex-pastor/misionário ligado à Harvest Christian Fellowship, e contra líderes da igreja, incluindo Greg Laurie. As ações alegam que Havsgaard abusou sexualmente, traficou e maltratou crianças por anos, enquanto a liderança da igreja teria ignorado sinais repetidos e falhado em supervisionar adequadamente o ministério em missão. O impacto tem sido profundo para as vítimas, para a comunidade cristã e para a confiança nos ministérios missionários.
O que dizem os processos
Dois homens, Marian Barbu (33 anos) e Mihai-Constantin Petcu (40 anos), registraram ações judiciais no Tribunal Distrital dos Estados Unidos na Califórnia. As reclamações incluem:
- Abuso sexual continuado por parte de Havsgaard e de outros menores que viviam nos orfanatos denominados “Harvest Homes”.
- Tráfico sexual de crianças, exploração através de “chat de vídeo”, ou em banhos públicos, onde alguns meninos maiores foram “aliciados” e Havsgaard ficaria com parte dos ganhos.
- Promessas a crianças vulneráveis: Havsgaard teria atraído crianças de rua com comida, refúgio, educação – mas, segundo os acusadores, o que se seguia furava drasticamente essas promessas.
- Maus tratos, punições físicas, isolamento, condições degradantes, privação de educação, dependência psicológica.
- Afirmações de que os abusos começaram quando alguns dos reclamantes tinham 8 anos de idade, e se estenderam até cerca de 2008.
Responsabilidade atribuída à liderança da Harvest e de Greg Laurie
As acusações não se limitam a Havsgaard. Os processos também apontam que líderes da igreja, incluindo Greg Laurie (fundador e pastor sênior da Harvest Christian Fellowship) e Richard Schutte (pastor de missões), teriam sido negligentes:
- Financiamento regular para as iniciativas de Havsgaard, inclusive depósitos mensais — cerca de US$ 17.000, em alguns relatos — em conta pessoal de Havsgaard.
- Falta de supervisão e auditorias: denúncias teriam sido feitas por doadores, visitantes, pessoas próximas ao ministério, com suspeitas de abuso e condições ruins, e mesmo assim pouco ou nenhum ato de investigação ou ação corretiva.
- Acusações de que Harvest Christian Fellowship estava ciente de “red flags” (sinais de alerta) desde meados dos anos 2000, mas permaneceu inativa diante das alegações.
- A igreja, em resposta, afirmou que as alegações são “chocantes”, mas negou conivência consciente ou cobertura de abuso. Harvest declarou que cooperará com autoridades, embora veja alguns processos como “forma de extorsão financeira”.
Impacto e consequência para as vítimas
As ações enfatizam que as vítimas continuam lidando com graves consequências:
- Problemas de Saúde Mental: transtorno de estresse pós-traumático (PTSD), depressão, dificuldades para dormir, pesadelos, ansiedade crônica.
- Perda de educação formal: variáveis funcionários alegam que, mesmo vivendo em lares onde se prometia educação, muitos jovens saíram iliteratos ou com ensino muito prejudicado.
- Desconfiança, vergonha, rupturas familiares e espirituais: algumas vítimas dizem que perderam fé ou ficaram profundamente abaladas em sua caminhada cristã.
- Buscam, além de reparação financeira, reconhecimento do sofrimento e accountability (responsabilização) dos culpados.
Resposta oficial da Harvest Christian Fellowship
A Harvest divulgou declaração reconhecendo que as acusações são “sérias e perturbadoras”, porém rejeita as alegações de que a igreja tenha conhecimento consciente dos abusos ou participado de encobrimento. Alguns pontos da resposta incluem:
- A igreja afirma que o alvo principal deve ser Paul Havsgaard, e não Harvest ou Greg Laurie diretamente, alegando que muitos dos relatos são falsos ou difamatórios.
- Harvest admite ter financiado as casas “Harvest Homes” por um tempo, mas nega ter oferecido supervisão adequada ou acompanhamento direto — ou assume que não tinha obrigação legal para tanto, segundo sua posição pública.
- A igreja afirma que notificou autoridades competentes sobre as alegações quando tornou-se ciente de algumas delas, mas que os reclamantes, segundo ela, não cooperaram em investigações nos EUA.
- Harvest se compromete a “defender vigorosamente” sua reputação em juízo.
Por que essa denúncia aborda tanto a fé quanto a ética
Para evangélicos, líderes de igrejas costumam ser vistos como exemplos de moralidade, mordomia espiritual e integridade. Quando surgem acusações como essas, surgem dilemas que não são somente legais, mas profundamente espirituais:
- A confiança depositada em líderes espirituais — A igreja é chamada a refletir o caráter de Cristo, e o abuso por alguém dentro do ministério quebra essa confiança de modo profundo.
- A tragédia do abuso infantil — A Bíblia fala repetidamente sobre proteger os vulneráveis, especialmente crianças. A negligência torna-se grave não somente legalmente, mas espiritualmente.
- O dever de justiça e de tristeza pela falta — Há necessidade de justiça para as vítimas, arrependimento genuíno para os que falharam, e medidas que previnam que algo semelhante ocorra outra vez.
- A comunhão da igreja e testemunho cristão — Acusações públicas podem trazer escândalo, o que clama por transparência, humildade, mudança e cura.
Como a comunidade evangélica pode reagir
Ao invés de apenas julgar ou condenar, cristãos podem buscar caminhos que promovam cura e restauração. Algumas atitudes possíveis:
- Oração pelos sobreviventes, pelos acusados, pela Justiça e por discernimento. 👥
- Exigir transparência de instituições religiosas: relatórios, auditorias independentes, acompanhamento pastoral sério. ⚖️
- Cuidado pastoral para vítimas: oferecer acolhimento, escuta, aconselhamento, e proteção.
- Educar a igreja sobre abuso, segurança infantil, e responsabilidade institucional.
- Relembrar que nossa esperança e fé não estão em homens, mas em Cristo, e que mesmo quando líderes falham, Deus permanece fiel.
Este caso serve de aviso doloroso: ministérios missionários e igrejas grandes têm poder de fazer o bem, mas também responsabilidade muito séria. Acusações como as feitas contra Paul Havsgaard e a Harvest Christian Fellowship não devem ser ignoradas — é essencial que haja investigação justa, responsabilização, justiça para as vítimas e, acima de tudo, humildade e compromisso com a verdade.
Que os cristãos enfrentem esses momentos com fé sólida, compaixão pelos que sofrem e compromisso com integridade espiritual e institucional.
“Defende o fraco e o órfão; faz justiça ao aflito e ao necessitado.” — Salmos 82:3
Se este artigo te tocou, compartilhe com sua comunidade de fé ou deixe seu comentário abaixo para refletirmos juntos sobre como proteger nossos pequenos em nome de Jesus.
Com informações do Christianit Today
Postar um comentário