Silenciada pela perseguição: maior livraria cristã da China encerra atividades após pressão do regime

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Após mais de duas décadas de serviço à fé cristã, a maior livraria cristã da China, Luz da Manhã, encerrou suas atividades em Pequim. O fechamento, ocorrido no final de outubro, foi atribuído à crescente pressão do regime comunista liderado por Xi Jinping, segundo informações da organização China Aid.

Fundada em 2004, a Luz da Manhã não era apenas uma livraria. Ela funcionava como um centro de disseminação da literatura cristã, formação espiritual e apoio à comunidade evangélica chinesa. Com mais de 200 unidades espalhadas pelo país, a rede promovia palestras, treinamentos sobre casamento, família, ética cristã no trabalho e grupos de leitura voltados à vida espiritual.

Uma trajetória de fé e resistência

Desde sua fundação, a Luz da Manhã enfrentou desafios impostos pelo controle estatal sobre manifestações religiosas. Mesmo assim, conseguiu se consolidar como referência para cristãos chineses que buscavam conteúdo bíblico e formação teológica. Seu impacto ultrapassava os limites físicos das livrarias, alcançando milhares de fiéis por meio de eventos e publicações.

O gerente da livraria chegou a ser preso em anos anteriores, evidenciando o cerco que o governo vinha promovendo contra espaços cristãos independentes. O último dia de funcionamento foi marcado por uma liquidação com até 70% de desconto nos livros, uma despedida silenciosa e dolorosa para muitos.

Pressão estatal e controle ideológico

A China, embora possua igrejas registradas e permitidas pelo Estado, mantém rígido controle sobre o conteúdo religioso, especialmente aquele que não se alinha à ideologia oficial. Livros cristãos, quando permitidos, passam por censura. A atuação de organizações como Luz da Manhã, que promovem o evangelho de forma independente, é vista como ameaça ao monopólio ideológico do Partido Comunista.

Segundo a China Aid, o fechamento da livraria é parte de uma estratégia mais ampla de repressão à liberdade religiosa. Nos últimos anos, templos foram demolidos, cruzes removidas e líderes religiosos presos sob acusações de “subversão”.

Repercussão internacional e comoção entre cristãos

O encerramento das atividades da Luz da Manhã gerou comoção entre cristãos ao redor do mundo. Pastores, missionários e organizações de apoio à igreja perseguida manifestaram solidariedade e preocupação com o avanço da repressão.

Organizações como Portas Abertas e China Aid reforçaram a importância de orar pela igreja chinesa e apoiar iniciativas que promovam a liberdade religiosa. O caso da Luz da Manhã é um lembrete de que, em muitos lugares, seguir a Cristo ainda exige coragem e sacrifício.

O papel da igreja global diante da perseguição

Para os cristãos evangélicos, o fechamento da livraria é um chamado à intercessão e à ação. É tempo de fortalecer os laços com a igreja perseguida, apoiar missionários e manter viva a chama do evangelho em regiões onde ele é combatido.

Além disso, é fundamental que líderes e igrejas locais promovam conscientização sobre a realidade dos cristãos em países como a China. Testemunhos, cultos temáticos e campanhas de oração são formas de manter viva a memória e o compromisso com nossos irmãos na fé.

Esperança que resiste à opressão

Mesmo diante da perseguição, a igreja chinesa continua a crescer. Pequenos grupos se reúnem em casas, compartilham a Palavra em segredo e mantêm viva a esperança do evangelho. O fechamento da Luz da Manhã não é o fim, mas um novo capítulo na história da fé que resiste.

Como disse o apóstolo Paulo: “Estamos atribulados por todos os lados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (2 Coríntios 4:8-9).

Conclusão: um chamado à solidariedade e fé

O caso da Luz da Manhã nos lembra que a liberdade religiosa não é garantida em todos os lugares. Como corpo de Cristo, somos chamados a orar, apoiar e agir em favor daqueles que enfrentam perseguição por sua fé.

Que possamos ser luz em meio às trevas, como foi a livraria Luz da Manhã por tantos anos. E que, mesmo diante do silêncio imposto, a Palavra continue ecoando nos corações que não se rendem.