PF inclui Silas Malafaia em investigação sobre obstrução no processo do “golpe”: líder diz “não tenho medo”
Na última quinta-feira (14 de agosto de 2025), a Polícia Federal incluiu o pastor Silas Malafaia no inquérito que apura tentativa de obstrução de Justiça no contexto de uma suposta tentativa de golpe de Estado. A informação foi inicialmente revelada pela GloboNews e amplamente confirmada por veículos como Gazeta do Povo, InfoMoney, UOL, entre outros.
Desde então, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo vem ocupando os holofotes da mídia política nacional — um momento carregado de disputas simbólicas, acusações mútuas e tensões entre segmentos religiosos, institucionais e midiáticos.
O que diz a investigação
O inquérito, conduzido no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ministro Alexandre de Moraes, investiga os possíveis crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado de Direito. Além de Malafaia, compõem o rol de investigados o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o influenciador Paulo Figueiredo.
As autoridades apuram se houve articulação para pressionar o Judiciário, inclusive com sanções internacionais — entre elas, restrições como a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros nos Estados Unidos e a aplicação da Lei Magnitsky —, com o intuito de intimidar autoridades e interferir no andamento do julgamento da trama golpista.
Repercussão e postura de Malafaia
Surpreendido ao descobrir sua inclusão no inquérito por meio da imprensa, Malafaia reagiu com indignação e ataques frontais ao ministro Alexandre de Moraes e à Polícia Federal. Em declarações contundentes, ele criticou o que chama de "vazamento" da investigação e disse que a PF estaria a serviço de interesses políticos contrários.
Durante uma transmissão ao vivo em seu canal, o pastor afirmou: “Vocês escolheram o cara errado. Eu não tenho medo. Não tenho medo de prisão, não tenho medo de polícia política.” Ele chega a mencionar que sua eventual detenção seria “prêmio” e defende a constitucionalidade de suas posições, além de defender o impeachment do ministro do STF.
Em outra fala inflamado, chega a chamar Moraes de “ditador de toga” e critica o que entende ser uma perseguição a opositores políticos, comparando a atuação da PF à de instituições autoritárias ou secretas.
Contexto e calendário relevante
O inquérito foi aberto em maio e ganhou novos contornos após o ato organizado por Malafaia no dia 3 de agosto, em Copacabana, com Bolsonaro participando por videoconferência. No dia seguinte, foi decretada a prisão domiciliar do ex-presidente em razão de descumprimento de medidas cautelares.
Essa sequência acelera o processo de visibilidade pública do inquérito, colocando Malafaia no centro de uma crise institucional que se aproxima de julgamentos sensíveis nas próximas semanas.
Implicações políticas e religiosas
O caso ganha ainda mais complexidade por envolver manifestações simbólicas e retóricas fortes de líderes religiosos que influenciam massa de fiéis e ambiente político. Malafaia se posiciona como porta-voz de um segmento que se sente pressionado pela atuação do Judiciário — e isso gera preocupação interna no STF, conforme avaliações sobre possível reação da base evangélica.
Além disso, sua repercussão ecoa em críticas sobre liberdade de expressão, limites institucionais e o papel do Estado de Direito frente a lideranças religiosas politizadas.
Por que isso importa
- Transparência institucional: O episódio evidencia tensões crescentes entre Estado, religião e política — e levanta questionamentos sobre neutralidade de instituições.
- Liberdade versus responsabilização: Até que ponto a crítica forte a instituições pode ser enquadrada como obstrução ou crime?
- Impacto social: A influência dos líderes religiosos nesse tipo de cenário tem potencial de mobilização política e polarização.
O que você pensa sobre a investigação e a reação de Malafaia? É liberdade de expressão ou ameaça às instituições? Comente e compartilhe para ouvirmos outras perspectivas.
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