Preço do café pode subir até 15 % nas próximas semanas e pesar no bolso
O brasileiro já sentiu um suspiro de alívio após pequenas quedas nos preços do café, mas esse momento pode estar com os dias contados. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), nos próximos dias o valor do grão pode subir entre 10 % e 15 %, o que pode elevar o custo para os consumidores finais nas prateleiras dos supermercados.
O quilo de café no atacado pode alcançar R$ 80, frente ao valor médio de cerca de R$ 62,83 registrado em agosto. A Agência Brasil confirma que esse aumento já foi comunicado ao varejo e que o repasse aos consumidores deve ocorrer nos próximos dias.
Por que o café vai encarecer? Principais fatores
Há uma conjunção de razões que explicam essa pressão de alta no preço do café. Entre os fatores mais relevantes, podemos destacar:
- Escassez de estoques globais: após quatro anos consecutivos de perdas na colheita, os estoques mundiais encontram-se em níveis historicamente baixos.
- Quebra na produção de café arábica: no Brasil, houve retração na oferta desse tipo, favorecendo pressão de alta nos preços.
- Aumento nos custos de matéria-prima: insumos, transporte, fertilizantes e logística também encarecem o processo para os produtores e indústrias.
- Tarifas nos EUA sobre produtos brasileiros: a sobretaxa de 50 % imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros, incluindo café, gera impacto direto no custo de exportação e repercute internamente.
- Reajustes já comunicados ao varejo: a Abic afirma que alertou supermercados antecipadamente, e que muitas compras são feitas a partir da segunda quinzena do mês, o que favorece o repasse do aumento para as prateleiras.
Quando e como o aumento deve atingir o consumidor?
Segundo os dirigentes da Abic, o aumento de preço já foi comunicado ao varejo no início deste mês. Entretanto, muitas redes só retomaram compras mais intensas a partir do dia 15, o que pode atrasar o repasse para as prateleiras.
A expectativa é que nos próximos dias, já na semana que vem, consumidores vejam o novo preço refletido nos supermercados, com elevação entre 10 % e 15 %.
Impactos esperados no consumo e no mercado
A alta já começa a gerar efeito inverso no consumo. Dados da Abic mostram que, entre janeiro e agosto deste ano, houve retração de 5,41 % nas vendas de café no Brasil, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Além disso, alguns tipos de café — especialmente o solúvel — acumulam aumentos ainda mais expressivos, atingindo até 50,59 % neste ano.
A indústria, por sua vez, já alerta que nem todos os varejos terão liberdade para absorver parte desse impacto: para muitas torrefadoras, o custo de operação e compra do grão não permite margens flexíveis.
Perspectivas para a safra 2025/2026 e reabastecimento
Uma grande incerteza paira sobre a capacidade de recomposição dos estoques. Mesmo com projeções favoráveis para a florada, a expectativa não é de recuperação imediata. A agência Reuters destaca que a possibilidade de uma “super safra” de arábica para 2026 já está saindo do radar, em função de desafios climáticos e a urgência da chegada de chuvas para garantir a floração.
Sem uma série de safras robustas, levará tempo até que os estoques globais retornem a patamares seguros. Isso significa que novas ondas de alta podem persistir caso ocorra qualquer evento adverso climático ou logístico.
Dicas práticas para consumidores e negócios
Diante desse cenário de alta, ficam algumas orientações úteis:
- Compare preços nas diferentes marcas e lotes antes de comprar.
- Optar por cafés em embalagens maiores pode reduzir o custo por quilo.
- Estoque moderado: quem tem espaço pode antecipar compras, mas com cautela para evitar perda de qualidade.
- Para cafeterias e pequenos negócios, reavaliar margens e repassar parte da alta de forma gradual.
- Atenção a promoções e ofertas em datas sazonais.
O café, bebida símbolo do Brasil, está prestes a enfrentar novo ciclo de valor elevado. O reajuste de até 15 % já é anunciado por entidades do setor, com expectativa de impacto direto no varejo e no consumo. A combinação de oferta apertada, estoques baixos, custos elevados e tarifas externas contribui para esse cenário.
No entanto, ainda há janelas de esperança: a possibilidade de chuvas regulares e uma safra promissora podem suavizar pressões, embora seja improvável uma reversão imediata. Consumidores e empresários precisam se antecipar, ajustar estratégias e não ser pegos de surpresa.
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