Pastor leva cama ao púlpito e divide igrejas com ato profético

Pastor leva cama ao púlpito e divide igrejas com ato profético

Pastor leva cama ao púlpito e divide igrejas com ato profético

apóstolo Mauro Ortiz pregando sobre a cama

Um culto em uma igreja no bairro Jardim Caiçara, em Campo Grande (MS), ganhou repercussão nacional após o apóstolo Mauro Ortiz levar uma cama de casal para o púlpito como parte de uma pregação com forte carga simbólica. O gesto, considerado um “ato profético” pelo líder, pretende resgatar sonhos e fortalecer a fé dos presentes, mas acabou gerando críticas e elogios nas redes sociais.

O vídeo que viralizou e sua repercussão

Nas redes sociais, o vídeo da pregação já ultrapassou **600 mil visualizações no Instagram**. Em meio a comentários de surpresa, apoio e resistência, muitos questionam: seria ousadia ou desvio do puro anúncio da Palavra?

Para o apóstolo Ortiz, as críticas são previsíveis, mas não intimidam. Ele afirma que aqueles que reprovam o ato muitas vezes “não têm fé e tentam administrar a fé dos outros.”  Segundo ele, o que importa não é o objeto em si, mas o milagre que pode provocar nas vidas que o recebem.

O significado espiritual por trás da cama no altar

De acordo com o próprio pastor, a ideia do ato profético veio da convicção de que “o inimigo não quer que você durma, pois dormir pode abrir a possibilidade de sonhar”. Ele cita Gênesis 37 — a história dos sonhos de José — como fonte de inspiração, afirmando que muitos estão perdendo a capacidade de sonhar e de mirar em altos propósitos.

Ortiz não é novo no uso de símbolos visuais em suas ministrações. Ele já implantou campanhas com piscina simbólica (referência ao episódio de Naamã), grades simulando prisão e distribuição de sal e fronhas. No caso da cama, o objetivo declarado é provocar eclesiasticamente a restauração de sonhos, afetos e identidade espiritual. 

Resultados alegados e o peso dos testemunhos

Segundo o pastor, o gesto já faz parte de uma campanha que dura **três semanas** e, segundo ele, já gerou frutos concretos: **restauração de casamentos, libertação de depressão e curas**.  Ele enfatiza que a relevância do ato não está no objeto, mas na fé e nos testemunhos que surgem após a pregação.

Entretanto, esses testemunhos — embora impactantes — também alimentam a controvérsia, pois não dispõem em muitos casos de verificações independentes ou detalhamento do contexto em que ocorreram. A fé clama por sinais, mas busca equilíbrio entre o simbólico e o fundamentado na Palavra.

Críticas, polêmicas e posicionamentos opostos

Não demorou para que surgissem vozes discordantes. Alguns internautas questionaram se o ato profético não se tornaria espetáculo, chamando-o de “circo”, “heresia” ou “cenas estranhas”. 

Outros afirmaram que a pregação já pressupõe simplicidade e autenticidade, sem necessidade de “chamadas visuais”. Em resposta, Ortiz declarou que não se intimida com críticas: “Muitos tentam administrar nossa fé”, disse ele, sustentando que Deus age “do jeito que Ele quer”.

Análise sob a ótica teológica e prática

Do ponto de vista teológico, atos simbólicos têm respaldo bíblico (por exemplo, Isaías, Ezequiel, rituais proféticos). Eles podem reforçar a mensagem e tornar visível o invisível. No entanto, há margem para abuso ou interpretação equivocada quando o foco do símbolo supera o foco da Palavra.

Na prática ministerial, é necessário vigilância:

  • Manter o **equilíbrio entre simbologia e clareza bíblica**;
  • Garantir que a mensagem pregada acompanhe o símbolo — e não seja eclipsada por ele;
  • Prestar atenção aos testemunhos e suas verificações;
  • Responder críticas com humildade e fundamentação bíblica.

Esse episódio serve como lembrete de que o uso de elementos visuais pode provocar sinais, reações e reflexões. Para igrejas, é uma oportunidade de reavaliar até que ponto tais recursos agregam ou distraem do foco central: Cristo crucificado e ressuscitado.

Para crentes leigos, é provocador também: até onde permito que símbolos ajudem minha fé — sem que se tornem substitutos da Palavra ou da intimidade com Deus?

Se tal ato profético te incomoda, pode ser uma chance de avaliar: será que sou resistente à novidade do Espírito? Ou sou crítico excessivamente desconfiado?

Se me agrada, será que permaneço alerta para que o objeto simbólico não substitua a vivência transformada?

Seja qual for seu posicionamento, este episódio desafia nossa fé: para Deus, não é o altar que torna sagrado, mas a vida transformada.

“Porque tudo que Deus fez será firme para todo o sempre; nada se lhe pode acrescentar, e nada lhe pode tirar.” — Eclesiastes 3:14


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