Pastor de megaigreja nos EUA admite abuso sexual e renúncia abala comunidade evangélica
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(AP Photo/Alex Brandon, File) |
Destaque: o pastor fundou uma das maiores congregações dos EUA, teve laços com figuras políticas, e agora enfrenta condenação por crimes cometidos décadas atrás.
Quem é o pastor acusado?
O líder em questão é Robert Preston Morris, 64 anos, ex-pastor da Gateway Church, localizada em Southlake, no Texas. Ele fundou e dirigiu essa igreja por muitos anos, tornando-a uma das megaigrejas mais influentes dos Estados Unidos.
As acusações vieram à tona após a vítima — identificada como Cindy Clemishire — ter procurado a justiça. Ela relatou ter sofrido abuso sexual entre 1982 e 1986, quando tinha apenas 12 anos de idade, enquanto Morris atuava como evangelista viajante e esteve na casa da família da vítima.
Confissão, acordo judicial e sentença
Em audiência recente no condado de Osage (Oklahoma), Morris se declarou culpado de **cinco acusações de atos lascivos ou indecentes com menor de idade**.
O acordo judicial estabeleceu uma pena “oficial” de 10 anos, porém apenas **seis meses serão cumpridos em prisão de condado**, como parte de um acordo entre defesa e promotoria. Morris também deverá se cadastrar como **ofensor sexual** e pagar uma indenização de US$ 250 mil à vítima.
Na acusação, foi afirmado que o abuso começou em 1982, quando Morris tinha cerca de 21 anos, e se prolongou por quatro anos.
Impactos e repercussão na comunidade religiosa
O escândalo provocou **um êxodo visível de fiéis** da Gateway Church. Segundo reportagens, a frequência aos cultos caiu entre 17% e 19% após a revelação e renúncia de Morris.
Nos bastidores, membros antigos alegam que líderes da igreja teriam conhecimento prévio de denúncias, em particular um episódio em 2005 em que Morgan teria tentado subornar a vítima para silenciá-la.
A renúncia de Morris em 2024 já vinha após denúncias anteriores de “comportamento sexual inapropriado com uma jovem” — embora na época não se tivesse clareza de que se tratava de uma criança.
No ar, igrejas afiliadas à Gateway já enfrentam crise interna: pastores interinos têm substituído pregadores, líderes foram demitidos por “questões morais”, e a confiança da comunidade foi seriamente abalada.
O relato da vítima: coragem e denúncia
Cindy Clemishire compareceu ao tribunal e leu uma declaração contundente, afirmando que não houve consentimento quando se é uma criança. “Fui abusada e vítima, não uma ‘jovem’ em relacionamento”, disse ela.
Sua irmã também falou em tribunal, acusando Morris de esconder-se atrás de uma fachada de líder religioso quando, na verdade, agiu como predador.
O episódio reforça que não se trata apenas de uma falha pessoal isolada, mas do rompimento profundo da confiança depositada por milhares de pessoas que viam no pastor uma autoridade espiritual.
Análise: poder, fé e impunidade
Este caso revela uma intersecção perigosa: **autoridade espiritual + poder institucional**. Líderes religiosos gozam de respeito e confiança, o que pode dificultar a denúncia e amplificar o sofrimento das vítimas.
O fato de Morris ter mantido influência, ter sido conselheiro espiritual de figuras políticas e, ainda assim, obter um acordo relativamente brando, levanta críticas sobre como a justiça trata crimes contra crianças, especialmente quando cometidos por pessoas com status elevado.
Além disso, a trajetória da Gateway Church — de crescimento exponencial a crise de reputação — mostra como instituições religiosas podem ser profundamente vulneráveis quando líderes falham gravemente.
O que esperar daqui para frente?
- Que outras vítimas se manifestem — elas são muitas vezes desencorajadas a denunciar por medo e vergonha.
- Revisão interna da Gateway para maior transparência, mecanismos de denúncia e prestação de contas.
- Reflexão no meio evangélico e religioso mais amplo sobre poder, responsabilidade e proteção a menores.
- Monitoramento público e legal da execução da pena e do registro de Morris como ofensor sexual.
Este caso pode servir como ponto de virada: **um alerta para que instituições religiosas sejam responsabilizadas** e que vítimas encontrem voz e justiça.
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